Sunday, May 21, 2006

TEXTO EXPLICATIVO DO IMAN 2006

Evento da autoria do Artista – Comissário Independente: Alexandre a.r. Costa e que tem como entidade parceira e tutelar a Casa da Artes de Vila Nova de Famalicão e o Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão












Introdução:

Depois do sucesso alcançado em 2005, ano inaugural do evento I.M.A.N. e a partir de convite do Dr. Jorge Paulo Oliveira do Gabinete de Apoio à Presidência (G.A.P.); Vereador da Cultura, Dr. Leonel Rocha e do Director da Casa das Artes, Paulo Brandão, dirigido ao comissário do evento I.M.A.N. 2005, Alexandre a.r. Costa, o Município de Vila Nova de Famalicão, recebe em 2006, a segunda edição deste evento de carácter transdisciplinar: I.M.A.N. 2006 – arte contemporânea/funções sociais.

Evento este, prescrutador duma sistemática actualização de territórios, processos diversos e opções diversas, pelas várias possibilidades de obras e discursos previamente seleccionados e apresentados no âmbito da actuação contemporânea.

As actividades do evento em 2006, vão desenrolar-se nos mesmos moldes da edição anterior, ou seja, a Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão vai liderar todo o processo do I.M.A.N., sendo este espaço, a instituição do município, que acolhe e promove o evento, inaugura-o e daí partem extensões do evento para outras cidades do país, assim como a uma cidade espanhola.

Contextualização:
O I.M.A.N. – 2006, tem como categorias ou campos propostos para a criação artística, aqueles a que se referem as iniciais I.M.A.N. (Intermédia, Multimédia, Acção e Nada). Tal como aconteceu em 2005, os artistas eleitos por comissariado têm dentro do território e da linguagem da arte contemporânea a oportunidade de apresentarem trabalhos ou projectos no âmbito da Performance, da Instalação, do Áudio – Visual, dos Ambientes Multimédia, Sonoro Experimental, da Vídeo – Instalação, etc., privilegiando-se aqueles que propõem o cruzamento disciplinar, assim como a interacção física e sensorial das obras propostas com o espectador. Existem convites a diversas acções de divulgação da arte e da sua presença em contexto(s), Conferências, workshops, visitas guiadas, etc. (numa preocupação pedagógica e incentivadora da reflexão e experimetação artística e das suas diversas linguagens), assim como a todas aquelas outras opções do universo da criação plástica, como a pintura, desenho, escultura, fotografia, etc., que estão tambem claramente nos objectivos do evento, que por determinação de comissariado, estão referentes à significação temática de cada edição... Recorrendo à concepção de Dick Higgins (célebre artista, poeta, performer, do também célebre, grupo Fluxus) os denominados projectos Intermédia (tento aqui explicar, embora condicionado, que a Intermédia na perspectiva deste autor será a criação artística, o seu resultado e fruição, quando isto sobrevém de e entre vários meios) serão apresentados nunca em detrimento do seu enquadramento aos espaços expositivos (ou quando referentes, a casos como do âmbito da Performance ou de acções artísticas diversas) também aos públicos – alvo, numa postura de preocupação site-specific (no que se refere à sua concepção integral ou parcial).


Significação temática do I.M.A.N. em 2006:
O I.M.A.N. 2006, a partir da recorrência ao argumento: a Arte Contemporânea e as Funções Sociais da Arte, tem como um dos seus objectivos, fazer questionar em plano de comissariado questões relacionadas com: "A Fome e a Perda", nomeadamente a fome (embora compreendendo todos os hipotéticos projectos subjectivos a apresentar neste âmbito), no plano menos metafórico, ou seja, a sensação e consequência originada por falta de alimentos ao ser vivo que leva até à morte nos nossos dias milhares de pessoas em todo o mundo, deixando um sentimento de perda e tristeza aos seus próximos e em todos aqueles que se dedicam à luta da sobrevivência dessas pessoas. É a essas pessoas que o I.M.A.N. 2006 dedica esta edição, assim como a todos aqueles que se dedicam a estruturar sistemas de organização que possibilitem uma maior eficácia na produção de alimentos nos próprios locais de crise, nas redes de distribuição de bens essenciais ao combate da pobreza, no bem estar das pessoas, na distribuição de medicamentos, assim como em toda uma estratégia que deveria ser absolutamente prioritária e instituída a nível global pelos líderes dos países que detêm grande potencial de resolução e não apenas pontualmente e/ou fruto do esforço incrível de mulheres e homens, instituições de solidariedade social e da saúde, de missões religiosas, entre outros exemplos extraordinários de pessoas que relegam muitas vezes, as suas vidas pessoais para um estado quase ou mesmo nulo.
Porém este estado nulo reconhecido no conceito do I.M.A.N. como a categoria: "Nada", este aparente vazio, é um vazio repleto de uma enorme gratidão que todos nós temos que reconhecer e é este contributo consciente que o I.M.A.N. 2006 pretende exercer…

CICLO DE JANTARES-PERFORMANCES: Comer para matar a fome
Para este contributo passar da promoção de uma reflexão que eventualmente poderá dar frutos, (e assim se espera), o I.M.A.N. 2006, por proposta de comissariado, pretende desenvolver na sua programação, acções, nas quais se associe arte com a sua função social, mais concretamente a partir da organização nas cidades que promovem as extensões do I.M.A.N. 2006, assim como na cidade anfitriã, (Vila Nova de Famalicão), de Jantares que se associam a acções do âmbito específico da Performance Art.
Jantares + Performances, nos quais a partir do recurso à própria comida e/ou ritual do jantar, etc., artistas seleccionados no plano de comissariado, exercem do seu domínio de intervenção artística… Os convidados/participantes participam num acto artístico/cultural/social, inscrevendo-se e pagando uma quantia que cobrirá por um lado, os gastos implicados no próprio Jantar + Performance, por outro lado estará a reverter para a luta contra a fome, através do restante valor do jantar para instituições de reconhecido mérito nesta matéria (por exemplo: 25 € de valor total por pessoa, 12.5€ serão para o pagamento do Jantar + Performance / 12.5€ serão a reverter para o Banco Alimentar Contra a Fome e/ou Instituições de Acolhimento Social da zona localizada onde se desenrola a acção e para as quais de preferência deve reverter aquilo que se reunir em dinheiro (aqui entende-se uma mensagem subliminar para uma realidade portuguesa). Estes Jantares + Performances são denominados como tal no programa do I.M.A.N. 2006, inseridos no Ciclo de Jantares + Performances: "Comer Para Matar a Fome".

Conclusão:
Estamos perante uma proposta de comissariado que arrisca a tangente ao hemisfério da acção social, é portanto objectivo do comissariado estar comprometido com esta realidade crua, dura, paradoxalmente rica em possíveis abordagens estéticas, pobre na constatação dessa própria realidade humana… A coerência do comissariado pauta-se na certeza porém de ter a ousadia nesse propósito social e no seu reconhecimento pelo seu carácter também altruísta, é isso que distingue esta acção de outras, assume-se de forma categórica, por uma acção simbólica, mas relevando a celebração crítica nos hemisférios do social e do cultural...
alexandre a. r. costa
2005/2006